Segunda-feira, 29 de Setembro de 2008

O regresso dos Cassels... o caos (ou a Herança)

Pois o dia correu mesmo muito mal!!!

Logo de manhã, quando me preparava para recomeçar o trabalho, ouvi a buzina do carro no jardim! Pensei: -Então já voltaram? Sem avisar? E agora? O trabalho ainda não está pronto!!! Bonito serviço!!! E com a Mrs. Cassels por perto, já sei que vou demorar o dobro do tempo...

Enchi-me de coragem, fiz um esforço para arranjar um sorriso de boas vindas e fui esperá-los à entrada. No meu cérebro só havia um pensamento: Oxalá  eles não tragam as crianças!... Aí, é que a minha vida se complica!

Quando vi o motorista começar a descarregar o carro, por um lado, fiquei mais descansada, por outro, à medida que as malas iam saindo, comecei a achar que alguma coisa havia, de muito estranho... não vinham as crianças, realmente, mas os embrulhos eram aos montes!!! Sacos, caixas, malas e mais malas... parecia que vinham de uma viagem de muitos meses...

De repente, uma buzina forte, de camião, junto ao portão... A Senhora Cassels gritou para dentro do carro qualquer coisa e eu vi sair do banco da frente uma desconhecida. Quem seria? Fosse quem fosse, levantou-se a correr e saiu em direcção ao portão.

Passados uns minutos, a desconhecida, à frente, orientava o camião por entre as sebes do jardim... meu Deus! Lá se foi o hibisco que estava todo em flor!!! A Senhora Cassels gritava e gesticulava e a desconhecida, na frente do camião tentava que o motorista fizesse marcha atrás, na esperança de salvar uma japoneira centenária, carregadinha de camélias, que estava toda inclinada para o caminho.

O camião parou, finalmente, em frente à porta de casa. Levantaram o oleado e começaram a desamarrar as cordas que prendiam um móvel! Dei a volta ao camião e vi que lá trazia uma tabuleta: "Morning Post" (que quer dizer, em português, "Correio da Manhã") Que seria aquilo? Então os Cassels não tinham estado na praia? E traziam móveis? E sacos? E malas?...

Nova buzinadela e já pelo caminho apareceu o carro do Charles. Com ele, a mulher e os sobrinhos... Estava tudo perdido!!! Tanto trabalho, tantos serões e agora aquela gente toda a entrar pela porta dentro!!!

O Senhor Cassels, fleumático como sempre, entrou em casa e desapareceu simplesmente, deixando a Senhora Cassels a comandar as operações. Era o caos! Os miúdos corriam à volta do camião, a Senhora Cassels gritava pela Josefa (que, como era Domingo,  não estava em casa) e pela desconhecida a quem chamava Efigénia! A Efigénia gritava com as crianças e a D. Madalena, a mulher do Charles, choramingava enquanto dizia : "o móvel da mamã! Tenham cuidado com o móvel da mamã!... "

Como parecia que ninguém reparava em mim, resolvi sair discretamente e fui refugiar-me na casinha ao fundo do jardim, onde improvisei uma oficina.

Mais tarde, vim a saber o significado de tudo aquilo, mas hoje, estava demasiado preocupada para querer saber fosse o que fosse. Tinha o dia estragado!

Olhei para um canto, ainda meio atordoada com a confusão. Já há algum tempo que ali estavam  umas peças soltas, umas em latão e outras em vidro.  Andava a pensar construir um "sconse lamp". Não penssei em mais nada e meti mãos à obra! Ali, no sossego da oficina, comecei a sobrepôr as peças e a experimentar formas e composições. Quando finalmente me decidi, fiz algumas flores em FIMO, colei e soldei, cortei o espelho e coloquei as velas. As velas são um pouco grossas para o aplique, mas não tinha outras e como era Domingo, não pude trocá-las. Durante a próxima semana vou arranjar outras mais finas. Algumas horas depois, o aplique estava pronto.

 

 

Entrei em casa, à socapa e fui colocá-lo na parede que lhe estava destinada. Ficou mesmo bem! Ninguém deu por nada! A confusão continuava na sala de jantar, onde se ouviam as gargalhadas das crianças e os gritinhos da Senhora Cassels. O Charles tranquilizava a D. Madalena, que não parava de choramingar e pedir cuidado com o móvel "da mamã"!

De repente, o Senhor Cassels apareceu e disse: " Essa móvel eu não querer aqui! Não querer saber se ser do mamã! Essa móvel ir para sala de jogo!" Fez-se silêncio. O Senhor Cassels nunca levanta a voz...

Achei melhor desaparecer dali, depressa! Dei uma última espreitadela ao aplique. Era mesmo aquilo que eu tinha pensado. Não ficava nada mal.

 

 

 

Algum tempo depois, já em casa, lembrei-me que no dia seguinte, em casa da D. Lurdinhas, ia ter um trabalho bem mais difícil do que este. Tenho, nada mais nada menos do que 49 aprendizes, ainda muito novos, organizados em três grupos. Imaginem, que se meteu na cabeça da minha patroa, que todos eles têm que ser "artistas"!... Vamos lá ver como é que me vou sair desta!!!

 

 


publicado por perfectminiatures-onmymind-mbryton às 23:54
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Domingo, 31 de Agosto de 2008

3º ensaio para um ambiente ou "The Cassels' Home"

Porquê? Porque o apelido de família das personagens que um dia vão habitar este ambiente, é... Cassels! Nem mais! Mr. and Mrs. Cassels! Vindos para Portugal no início dos anos 40, instalaram-se, como a maioria das outras famílias britânicas, no Porto, na Avenida Marechal Gomes da Costa.

Desenganem-se os que pensam que esta família tem alguma semelhança com aquela retratada por Júlio Dinis em Uma Família Inglesa! O único ponto comum é  o filho mais velho deste casal, que também se chama Charles... A filha, bom... ainda não pensei nisso, mas já decidi que tem cerca de 40 anos, é casada e tem dois filhos: Mary e John com seis e dois anos, respectivamente. Também vão aparecer, por aqui, um dia destes.

Mas tudo isto não passa de ficção! A realidade é o trabalho que estou a fazer!

Realidade??? Será??? Bem, pelo menos... trabalho, é!

 

Tentei, pois,  realizar na escala 1:12, um projecto de parte de uma casa típica dessa zona do Porto, construída no final da 1ª Guerra. As casas dessa época dispunham de grandes áreas e bonitos jardins envolventes, cerradas por altos muros e grandes portões de ferro.. Foi uma das zonas mais chics da cidade,  onde, a par de algumas famílas  nobres, se foram instalando outras, provenientes da alta burguesia, de comerciantes abastados, que rivalizavam com as primeiras no requinte que procuravam para as suas habitações.

Ao estilo neoclássico do exterior, juntavam-se, sem exageros, detalhes Art Nouveau e Art Déco. No interior, em harmonia com os grandes espaços, paineis de azulejo decorativo, substituiam, em alguns casos, os tradicionais lambris de madeira. Os tectos de estuque trabalhado, mas raramente policromados, completavam a decoração. 

A minha cidade, recebia tardiamente as influências das "modas" europeias e adaptava-as ao seu gosto, numa mistura de estilos, de uma forma muito peculiar.  

No mobiliário,  enquanto Lisboa se "afrancesava", o Porto manteve-se por muitos e muitos anos, fiel ao clássico estilo Inglês, fazendo aqui e ali pequenas concessões no que respeitava aos pequenos objectos de decoração, aos tecidos e aos papéis de parede. Sóbrias e discretas, priveligiando o conforto acima de qualquer moda, as casas mantinham, na sua generalidade, os móveis escuros realçados pelo brilho das pratas, dos cristais e das porcelanas, combinando-os entre si, sem preocupações quanto à sua , tão diversificada, origem. 

Pesando todos estes conceitos, desenhei, como atrás já disse, o ambiente que a seguir vos mostro. Ainda em cartão e com alguns elementos de papel, (e outros ainda por decidir)pois comecei pela construção do mobiliário e dos pequenos objectos de decoração, será mais tarde trabalhado em madeira (nogueira, nas suas partes visíveis e contraplacado na sua estrutura). Mas para já, pode ver-se o que tenciono fazer.

Apenas mais um pormenor: a mesa rectangular que se vê à direita, em primeiro plano, não pertence a este ambiente! Pedi-a "emprestada", para poder avaliar o espaço disponível para uma outra, que entretanto já fiz e que dentro em breve vai aparecer aqui.

 

É curioso... só agora reparei que a Mary, que esteve toda a tarde deitada na carpete a ler um livro, esqueceu-se dele, aberto, ali... foi embora e não o arrumou! Estas crianças!...

 

 

 


publicado por perfectminiatures-onmymind-mbryton às 16:55
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